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Nos dias 10, 11 e 12 de Setembro de 2014, realizou-se na
cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira, o V Congresso de Educação
ARTÍSTICA, organizado pela SRE – Secretaria Regional de Educação e DRE –
Direção Regional de Educação, com temas de grande pertinência nesta década que
vivemos; sessões plenárias com conferencistas de elevado valor; workshops
fundamentais para experimentar e compreender as comunicações; Comunicações
livres de elevado nível nos conteúdos e nas formas de comunicar.
A conferência de
abertura foi com Rui Vieira Nery sobre o tema “Apologia dos saberes inúteis”: o
papel das artes no sistema educativo; apresentou-nos cinco EQUÍVOCOS: 1)
Funções do cérebro – distinção no funcionamento dos lados direitos e esquerdos
do cérebro; 2) Peso económico da cultura – praticamente ignorado pelo nossos
governantes; 3) A criatividade, a capacidade criativa, o conhecimento e a
colaboração – dando ênfase a Inovação e o Espírito criativo; 4) Ensino –
impossível sem a utilização das artes no desenvolvimento do pensamento
abstrato; 5) Valor da Educação – perseguir a felicidade. E propõe como
REFLEXÃO, sete pontos: 1) A arte como objeto de memorização; 2) Artes:
disciplinares e interdisciplinares; 3) Formação artística: para estimular o
saber olhar, ouvir, ler e fazer; 4) Continuidade: deve ser contínua e constante
a acompanhar o desenvolvimento do aluno; 5) Transversalidade – a diversas
disciplinas; 6) Só o melhor é que serve – não ao cabide de emprego; 7)
Diversidade: quebrar a postura entre géneros, códigos estéticos diferentes,
troca de saberes entre culturas. Numa espécie de conclusão, afirmou que “é
essencial que falemos em Educação Artística, não apenas no gueto”, porque “a
gente somos útil!”.
Nas sessões
plenárias foram apresentadas diversas formas de intervir para aperfeiçoar o
ensino artístico. Na área das artes plásticas, devo salientar o projeto
“Eco-arte” como elemento de sustentabilidade e empreendedorismo. Na área da
música, o projeto “a toque de caixa” do Grupo Bombos com alma, pela energia e
versatilidade na comunicação e interação com os alunos.
Na área do teatro,
coube-me a mim, propor uma reflexão sobre o tema “Indisciplina escolar”, onde
apresentei alguns resultados do trabalho desenvolvido na Escola Secundária Eça
de Queirós, nos Olivais, em Lisboa, através da utilização do Teatro do
Oprimido, a técnica do Teatro Fórum, como instrumento e/ou ferramenta
fundamentais na prevenção e resolução de problemas disciplinares. Propus ainda,
uma reflexão com um “Manifesto pela disciplina escolar” – onde um professor
relata o seu percurso menos positivo no processo ensino-aprendizagem, por causa
de problemas com a indisciplina escolar.
Uma palavra para
a comunicação sobre o tema “Autismo”, também fundamental para os educadores do
ensino especial.
Muitos outros
temas e diferentes manifestações foram acontecendo durante os três dias de
congresso, como: apresentação de um Manual de percussão; a banda desenhada como
instrumento pedagógico; a música para bebés; fundamentos e práticas holísticas
na educação. Devo salientar dois momentos artísticos: Miguel D`Antas no
Saxofone e a hilariante apresentação de Mário André e amigos.
Para mim, para
nós, ficou claro que o ensino artístico faz muita falta nas escolas
portuguesas, desde muito cedo. À ludicidade do jogo e do faz-de-conta devemos
fazer sobrepor hábitos de formas de estar que, o teatro pode oferecer aos
alunos através de exercícios vocais, improvisações, trabalho de corpo, leituras
e interpretação de textos, da comunicação com o outro, do trabalho do ator
sobre si próprio e sobre a personagem, são aspetos que o teatro e a educação
artística podem proporcionar.
Não devemos
descurar também da formação dos nossos docentes, através de uma formação
contínua e constante na Educação pela Arte. Através de “Técnicas teatrais
aplicadas ao Professor” o docente poderá desenvolver capacidades e estratégias
para melhorar o seu desempenho em sala de aula.
A criação pelo
Ministério da Educação de um “Grupo de docência de Teatro”, poderá sem sombra
de dúvida colocar nas escolas verdadeiros profissionais e dar maior dignidade
aos mais de dez mil “técnicos especializados” que são contratados de forma
precária por anos e anos consecutivos.
A grande questão
que se coloca é: Quando as artes, e principalmente o Teatro deixarão de fazer
parte dos “saberes inúteis”? De forma bem humorada, a imitar o meu amigo Rui
Vieira Nery, respondo – “A GENTE SOMOS ÚTIL”.
Onivaldo
Dutra de Oliveira
Ator,
Encenador, Professor e Formador.
Em
25/10/2014.
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